domingo, 2 de novembro de 2008

Daqui pra frente

Olho em volta, só vejo o que não há mais. Os espaços que se delimitavam já não são os mesmos, o som da sua voz já não é para mim. Eu olho, me entristece. Eu sinto saudades de um tempo em que eu tinha sua amizade, mais o sentimento ainda não existia. Desse passado, preterito.
E eu olho para mim, já não sou a mesma. Já não vivo, nem choro por você. Engraçado, outro dia me peguei chorando e o choro era tão profundo. Os dias correm e as músicas escutadas já não são clichê, não são romance. As coisas seguem e o pensamento muda. Como se quizesse fugir daquilo que foi lápidado durante tanto tempo eu uso gírias pra disfarçar dizendo-me tranquila. Sem saber você, que em mim fica um tufão de sensações, talvez até de raiva, ou algo mais.
Engraçado, outro dia desses eu subindo as escadas e você descendo. Eu bem grudada ao corrimão e você me viu. Simultâneamente fez um gesto de encostar também, talvez fosse grande a vontade de provocar desejo em mim- sem saber que o que desejei por tanto tempo era ser a causadora da sua felicidade. E eu distraída não percebi e a gente passou grudado. Frente a frente, colado por milimetro. Na hora me coube desviar com o ombro e virar o rosto: sim, a atitude já não é a mesma. Fosse, meses atrás e a minha reação pedir desculpas pelo imprevisto, provavelmente morta de vergonha- se fosse corajosa a tempo atrás, talvez eu te desse um abraço forte e intenso.
Mas sou outra, sou meu eu redescobrindo o amor-próprio. Redescobrindo o olhar-me no espelho e me achar bonita independente do ser ou não. Sou escrita e poesia, sempre fui desde que desocbri meu sentimento por você, mas hoje sou porque me amo e amo ter novos sonhos. E desconfio que um que tive, foi amor- esse, o que era meu em relação a você. Verdadeiro, sincero e não correspondido.
Foi, hoje não mais. Você me fez desacreditar em promessas, logo eu, que tinha esperanças. E como gesto do meu desgostar, descumpro a promessa de tanto tempo, a partir de agora olhando pra você e desconheçendo quem eu gostei. Agora sou tão livre, tão outra. Meu mundo não gira só para e pôr você: tenho quem me ame, acredite. Ontem mesmo fui à uma festa e me diverti como nunca tinha me divertido, depois que começei a gostar de você, à uns dois anos atrás- e agora descubro um alguem quem não merece que eu mesma prive-me.
Daqui para frente quero alegria. Quero sim, leveza e simplicidade. Sinceridade e palavras. Porque talvez tudo mude.
Quero novos rumos, uns melhores.

sábado, 25 de outubro de 2008

Tempo, tempo, tempo

Tanto tempo faz, quanto tempo. O tempo passou feito um louco. Faz tempo e eu quase não me lembro. Quantas coisas acontecem com o passar do tempo. Ele, que é sábio, que determina, que faz esqueçer. Ele, que cura feridas, que supera barreiras, que faz refletir. Templo dos Deuses.
Tantas coisas acontecem ao seu passar e, sinceramente, sobra só o desespero de ver tudo mudar. Sobra distância, sobra dor. Sobra um amor que não passou com seu passar, nem vai passar. Sim tempo, nem mesmo suas armadilhas detém um amor sincero. Um amor antigo, um amor delicado.
O que eu queria era carinho, o que eu queria era um colo. Queria um amigo, queria fazer alguém feliz. Uma risada gostosa, um abraço apertado que detenha o choro do que talvez se torne raro. Queria um sorriso largo, lindo, longo. Esse sorriso, que talvez eu não possa ter. Mas, como mudar um presente que é consequência de um passado? Me ensina tempo, me ensina.
Detém meu choro, detém minhas lágrimas. Porque embora eu chore com as mais profundas, é dor mesmo que eu sinto, por saber que o amor que não cessa é aquele que não é recíproco.